A série "Da pele para dentro" traz o limiar entre o apagamento e a aparição da força do feminino ao longo da história e nos convida a percorrer caminhos entre a dor e a delicadeza do ser mulher. Ela evoca a potência do que se é, do que está por vir, ainda a ser revelado. Em reverência à ancestralidade, essa série nos convida a desvelar, reconhecer o que não foi permitido (ou possível) viver, o que foi apagado e que agora transborda como força em simplesmente ser.

​

Vestes e capas ora vestidas para esconder podem ser despidas ou usadas para cobrir velhas ou novas cicatrizes. Figuras femininas sem rosto, sem identidade definida, mas com uma presença marcante que, ao mesmo tempo em que remetem ao anonimato, carregam uma memória coletiva, como um retrato de muitas mulheres. Texturas que remetem a camadas da pele, da terra ou da própria história - com marcas, sulcos, desenhos gravados como cicatrizes e flores misturadas. Contrastes entre formas escuras e claras, quase translúcidas, que representam um emergir de si mesma ou do fundo. Resistência, coragem, autenticidade e ousadia são palavras que permearam a criação dessa série e que ficam como convite para que cada obra alcance o "Da pele para dentro" de quem passar por aqui.

​

Gabriela Grigoletto Carneiro Araújo